domingo, 6 de janeiro de 2013

"A Janela"

                                  "A JANELA" /


 Tomei uma decisão: vou abrir a janela! Sair da escuridão de mim mesmo. Estou trancado nesse quarto escuro da alma, sem v...ida, respiro somente por respirar, não vejo cor, formas, luz, não sinto o calor do sol e muito menos a vida. No escuro que habituei a viver, aliás no estado de coma que me propus a estar, não há caminho, trilhas, horizonte.
Fico rodando em círculos ou sentado no chão da imobilidade. Em raros momentos me toco, tenho até medo de me sentir,de saber que estou vivo. Vivo?
Ah como preferia sumir de vez, fugir de mim mesmo, o não ser.
Nada sinto ou sinto tudo e nessa montanha russa de sensações fico preso nesse labirinto. Há um momento que todos nós temos. Um instante fugaz, efêmero, passageiro. Um flash de iluminação. Luz que nasce sei lá onde, mas é luz. Essa pequena chama é uma fresta que brota dentro de mim. A pequena claridade me cega, me causa emoções há muito não experimentadas, fecho os olhos,mas ainda a vejo porque ela nasce dentro de mim. Lembro que já sorri, dancei, brinquei.
Lembro que já senti o coração bater, o sangue correr, a vida eclodir em mil tons. Nossa o que eu estou fazendo aqui?

Trancado nessa cela escura de minha alma. A chama aumenta e de meus poros já posso ver a janela. Levanto sem forças,mas levanto. Caminho, uso as duas mãos para abri-la. Entra luz, quero ser abençoado pela luminosidade da esperança! Respiro profundamente, me arrepio, a lágrima que desce é de alegria por me sentir existir. Olho pela janela e vejo movimento, as diferentes vidas se cruzando e formando um lindo caleidoscópio.
Ah como perdi tempo aprisionado neste quarto escuro enquanto a vida existia em plena harmonia. Gritei feito louco aos que passavam por mim: venham, olhem, participem, cheguem.
Sou um organismo nessa engrenagem e não mais uma peça obsoleta e inútil. Muito bom escancarar a janela da alma e deixar que a luz saia e ao mesmo tempo entre. Uma retroalimentação luminosa, um vai e vem "óticoenergético". Estou debruçado sobre mim e da janela aberta vejo o caminho a seguir. Um brinde à vida!